quinta-feira, 26 de julho de 2007

Dasein

Existencialismo: pergunte a uma criança o que ela quer ser quando crescer.
A criança acabou de projetar o que para ela significa sua liberdade.
O reconhecimento deste "projeto de ser" apresentará o que é necessário para que ela, por exemplo, venha a se tornar "médico". Estudar, passar nos exames escolares, etc. Viver isso é processo: processo de ser.
Então, ela conseguiu vencer as etapas necessárias para que "seja médico". Passou no vestibular, terminou a faculdade, etc. Bem, ser livre não é estático! Para que ela "seja", deverá exercer a atividade. O exercício não é estático! Não é a última cena de um filme...
A liberdade será "condenação" se a criança o considerar um tipo de "penitência". O existencialismo, logo, traduz uma idéia curiosa: quando você não tem responsabilidade sobre seus atos, não tem motivo pelo qual responder pela escolha que fez, seja ela "boa" ou "ruim", para ser "premiado" ou "condenado" por isso.
Assim penso: afirmar "estou condenado a ser livre" é crer que a vida - entendida como processo de ser - é uma penitência. Como se fosse possível CULPAR a criança por não seguir dogmas, escolhas alheias.
Sartre foi "Indexado" por isso. Não haveria um tom de ironia nesta "condenação"? Uma exclusão a uma vontade superior e absoluta? A condenação não partiria dos outros que tomaram outra escolha ou nenhuma? Nietzsche suspira...: "Queres procurar o caminho que conduz a ti mesmo? Detém-te um pouco e escuta-me. '(...) Todo partir para a solidão é culpa' - assim fala o rebanho. E tu fizeste parte do rebanho durante muito tempo. A voz do rebanho continuará ressoando dentro de ti." - Assim Falou Zaratustra.

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