quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Gênese de Heinrich Wilhelm Larsen

Deixadas as últimas marcas, vez que Irina, novamente Werden, tomou seu rumo, o que resta? Lembrar das feridas, agora subcutâneas? Recordar a falta de alegria com que se referiam ao seu futuro, o sarcasmo peculiar com suas pequenas satisfações com coisas simples - e, por isso, mais verdadeiras.
Heinrich Wilhelm Larsen, um estranho.
Wilhelm foi criado pelo ódio velado às frustrações, próprias ou alheias. Expiação - por muito tempo - destas e doutras vilezas humanas. Palavra negativa (trans)tornada em verbo de ligação. Vontade poderosa de "ser 'o-que-é'" em crise gerada pelo imperativo categórico - muito suposto, na realidade - da sublimação e abnegação, da realização quase messiânica da crueldade irresponsável advinda de psicopatias sinceras.
Hoje, "sou". Heinrich: eu, que já tinha deixado meu primeiro nome de lado, que mudara o mundo dentro de meu mundo, percebi que existia. Aliás, existo além da dor que esta região interior suportou. Muito adiante da sorte sem adjetivos honoríficos que normalmente os que são amados têm.
Eu fui amado. Resistiu nesta ermida uma semente forte de uma torre augusta. Enquanto esteve frágil, foi caniço; hoje, mineral em polimento, cidadela. Por sinal, chegado ao ponto que exibe a gema antiga cristalizada sob a dura capa deste olhar pseudoanalítico, para não dizer pretensioso.
O velho desejo de ser Heinrich "Überwilhelm" Larsen.

Um comentário:

Poliana disse...

Meu amigo disse "divague", e eu divaguei...