quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Lille Galley - personagem de um velho conto

Apesar de crer em qualquer forma de consciência além, ela ainda não aderiu à realidade de seus pares. O motivo é simples: que razão seria o suficiente forte para isso? Nunca aprendeu a admitir que haveria - em algum tempo - iguais: sempre seria superior.
Nas tardes da vida, tirava horas para divagar com J. Schumann suas íntimas ironias: unicamente suas. No pouco tempo durante o qual teve a amiga por ouvinte, ousou a sinceridade forçada de uma personagem bem acreditada. Pensava ser merecedora da atenção de todos a sua volta. Resultado de uma família atordoada por suas ausências na tenra juventude.
Os outros eram um mistério a ser ignorado. Ela se autoafirmara na lucidez altiva da rejeição a outrem. J. Schumann teve seu quinhão de fogo quando avançou a uma existência crítica. Quem seria aquele que ofereceria à amiga resistência que desse espelho às velhas tolices: ela o sabia perfeitamente. Deixou claro: após Olaf Stern Bauer, que ela suprimiu de seu mundo levando-o a um suposto suicídio, não teria a mesma sorte com o que chamava por Edelmann. Fleur não aprendera, nem tinha culpa alguma para supor que ele não tomaria o voo naquele final de inverno.
Ofensas exprimidas a então amiga, Lille Galley foi cumprir seu plano inflamável de dissolução da alegria de Edelmann. Quando se deparou com a satisfação irradiante dele na voz e no olhar, fez-se não saber da viagem. Agiu como se isso o impedisse de seguir seu caminho. Na sua insanidade calculada, fingiu saudade. Tentou-o diversas vezes. Ofendeu-o, desfez da felicidade vindoura dele: tentativa desesperada.
Edelmann fez em seus olhos painéis de sua resposta, fechou a porta de seu veículo e tomou rota a satisfação.

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