quinta-feira, 1 de março de 2007

DAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS ESTRANGEIRISMOS E SUA INFLUÊNCIA NA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL

Infelizmente, o Brasil é dotado de uma auto-estima baixíssima, que se reflete no idioma de forma expressiva e singular. Expressiva, pois é extremamente complacente ao uso de estrangeirismos desnecessários – aí não há processo, há “força barra” mesmo; singular por seu caráter particular de sempre influência das culturas dos povos formadores do nosso povo – destarte há processo. O processo se caracteriza pelo uso em contexto de determinado termo “emprestado” de outro idioma de maneira que esse contexto seja plausível aos falantes em questão. Não há plausibilidade no empréstimo “forçoso”, mas no “espontâneo”. Exemplificar o empréstimo “espontâneo” é simples no Brasil: vários termos africanos e indígenas possuímos em nosso vernáculo. Justificar a imposição de palavras descontextualizadas: este é o problema por não se tratar de empréstimo natural, pero uma tentativa inconsciente de ignorar o nosso léxico e marcar uma expressão de contexto noutro lugar como símbolo de sofisticação – traço “cultural” remanescente duma época em que importávamos desde produtos até a civilização da Europa.

Na falta de competência lingüística para expressar uma determinada idéia em Português, alguém usa de uma expressão estrangeira, exatamente sob o contexto em que é utilizada no idioma originário, para expressar, ou querendo expressar, algo “além” do seu sentido próximo ou traduzido, como se desta forma extrapolasse essa significação possível. No entanto, ainda que seja “tragada”, a expressão acaba sendo submetida ao idioma, ou seja, ao Português e à sua estrutura profunda oracional – o que, contudo, “obriga-a” a se incluir nesta estrutura, a aceitá-la sobremaneira, não representando “perigo” lingüístico.

Apesar de ser a favor de uma revalorização cultural do idioma, desacredito que por meio de instrumentos legais possamos chegar a uma “purificação” do Português padrão, quanto mais do vernáculo brasileiro. Um dos principais pontos de nossa cultura é a antropofagia cultural que se traduz em transformar, desde a influência até palavras e pessoas, os mais diferentes “empréstimos” em rês nacionalizada, renovada e redimensionada aos valores brasileiros. Desta maneira, por mais que se tente, é uma luta quase inglória fazer com que não tomemos emprestados, mesmo que forçosamente, outros termos estrangeiros.

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