sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Prosa douda de Heinrich Larsen em carta - Fragmento

Deve ser bom ter escolhas. A autonomia costuma ser um traço marcante dos felizes - e estes seguiram as suas determinações fielmente. Haver esta possibilidade é algo louvável. Dou a estas pessoas meus sinceros parabéns. A coragem certamente lhes serve de caravela, a confiança no sucesso, de bússola.
O claustro tem feito sua vítima mais desesperada, no entanto, mais forte. O pesadelo foi suficiente para a vingança dolorosa brotar várias vezes num coração até então manso. Ela, companhia acessória, foi uma âncora presa no abismo dos mares do inconsciente. Quem a lançou? Sabemos quem se responsabilizou por isso...
Manter o peito tranqüilo é árduo, mas necessário. Num destes devaneios tolos, fúteis, caiu a mente em seu rincão mais abandonado, povoado de mágoas e áscos existenciais. Fez do convívio com a total adversidade um meio de se manter. Preocupada com esta manutenção vil, revoltou-se contra o velho guia cheio de paixões.
Onde há a brisa? E a alegria? Tem-se a pena: cumpra-se até o fim e que seja expiada toda a culpa de se maravilhar a sarça ardente. Ela nunca foi a escolha. E jamais, por além vá a insistência, será por uma razão clara: enclausura, fecha qualquer oportunidade de opção. Está decidido: deve ser assim o existir.
Àqueles que ultrapassam as sarças e beiram o Mar Vermelho, que suas terras sejam férteis e seu povo convosco; que o contento seja pleno e suas escolhas sequer tenham no horizonte amplo qualquer obstáculo semelhante.

Um comentário:

Frau disse...

Opção? Será que nunca será uma opção??